quinta-feira, 24 de abril de 2008

Quatro contos e uma certeza



Como casar com André Martins
Girafinha (2006)
Índigo
Ilustrações de Janaína Tokitaka

Eu gosto de história com começo, meio e fim. Gosto de protagonista, antagonista, conflito, suspense, beijo na boca e final feliz. Sou a mais quadrada dos leitores e, por isso, estranhei quando, ao fechar o livro, eu disse para mim mesma: adorei!

A estrutura é curiosa: são quatro contos curtos protagonizados por uma narradora de treze anos. Em comum, eles contam apenas com seu olhar original da protagonista sobre as pessoas e acontecimentos. Ah, e com uma patética e indispensável paixão adolescente não correspondida pelo vizinho, um daqueles garotos super na dele.

Em meio à ebulição de idéias, hormônios e situações com um pé no non-sense que tomam conta do livro, o que mais se destaca é o estilo da autora, dono de um humor fino e inteligente. Índigo passeia com desenvoltura e elegância por quatro contos que não formam uma história única com começo, meio e fim, mas conseguem, mesmo assim, cativar o leitor.

O primeiro conto traz o bizarro “Espetáculo do Engenheiro Alemão na Garagem”, uma espécie de reality show, promovido pelo irmão da protagonista às custas de um colega de seu pai que estava morando temporariamente na garagem.

O segundo conto apresenta o sonho da narradora de ter um pino na perna, como seu amado, piloto de kart. As loucuras que comete para igualar a façanha do amado deixam marcas, mas talvez não exatamente as sonhadas.

No terceiro conto, a preocupação é com a escassez de água no planeta, lembrando que questões sociais costumam fornecer um excelente pretexto para lágrimas adolescentes. Aos treze anos, choramos, sem saber direito porque estamos chorando, quer dizer, até sabemos, mas é difícil explicar e... Bem, quem nunca se preocupou com o destino do planeta e do garoto eleito, tudo ao mesmo tempo, que atire a primeira pedra.

Por fim, um teste vocacional é prova de fogo para descobrir se uma possível união com André Martins seria bem-sucedida.

Querem saber se a protagonista termina com o seu príncipe encantado? Ora, façam-me o favor! Depois desses quatro contos, você está se divertindo tanto, que só há mesmo uma certeza: a de desejar ler mais contos de Índigo. Finais felizes tornam-se absolutamente dispensáveis. Afinal, você conhece quantas adolescentes que viveram felizes para sempre com seu primeiro amor? Embora isso não queira dizer que um dia... quem sabe...

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