domingo, 19 de setembro de 2010

Abrindo as portas de Portugal

Coleção O Clube das Chaves


Maria Teresa Maia Gozalez
Maria do Rosário Pedreira
Capa e ilustrações: Luís Anglin

Editorial Verbo, Lisboa/São Paulo

As crianças d’além mar gostam tanto de histórias de detetive quanto as daqui. Pelo menos, é esta a conclusão que se chega percorrendo as prateleiras portuguesas em busca de títulos infanto-juvenis.

Há alguns anos, em uma visita à Lisboa, trouxe alguns desses infanto-juvenis na mala. Gostei de todos, mas os meus preferidos são os simpáticos volumes de O Clube das Chaves, cujo primeiro, O Clube das Chaves entra em acção, foi publicado em 1990. O sucesso foi tão grande que inspirou mais de uma dúzia de aventuras da mesma série. Infelizmente, só pude trazer cinco delas, escolhidas aleatoriamente, comigo. Mas foi o suficiente para me tornar uma fã.

Todas as histórias têm em comum a preocupação de discutir assuntos da atualidade de uma forma leve e apresentar um pouco de Portugal, de suas cidades e algumas de suas tradições, à garotada. O resultado é que em 2000 (ano da edição comprada por mim), a série O Clube das Chaves já contava com mais de 750.000 exemplares vendidos. Um recorde, mesmo para um país de leitores. Afinal, Portugal conta com menos de um décimo da população brasileira, algo por volta de treze milhões de habitantes. Lembrando que a faixa etária a qual a coleção se destina está em torno dos dez anos de idade, é possível dizer que praticamente todos os portuguesinhos conhecem as aventuras escritas a quatro mãos por Maria Teresa Maia Gonzalez e Maria do Rosário Pedreira. A formação de educadoras das autoras transparece em todas as linhas, sem jamais, no entanto, aborrecer os leitores. O Clube das Chaves também virou série de televisão, o que só deve ter contribuído para aumentar seu sucesso.

A história é muito simples e interessante. Em seu décimo terceiro aniversário, Pedro recebe um curioso presente deixado por seu avô, recentemente falecido. Trata-se de uma caixa com diversas chaves numeradas, de todos os tamanhos e formatos. Todas elas têm etiquetas penduradas, onde estão pequenos enigmas, que deverão ser desvendados por Pedro e quem mais ele desejar. Este jogo levará o garoto a convidar sua irmã Anica, a prima Guida e o amigo Frederico para fundarem o Clube das Chaves e, em nome dele, percorrerem diversos cantos de Lisboa e do resto de Portugal, desvendando os mistérios propostos pelo avô.

As aventuras dos quatro são acompanhadas pelas histórias do resto da família deles. Pais, mães, tios, primos, todos eles têm participação na trama, geralmente ilustrando situações do cotidiano como namoros, a busca pelo primeiro emprego, pequenas rusgas de casais ou separações, por exemplo. Além disso, o dia-a-dia dos personagens tem tanto valor quanto os enigmas que deverão ser desvendados por eles. Eles se apaixonam, vão a festas, têm lições de dança ou de música, participam de campeonatos esportivos e fazem novos amigos, inclusive brasileiros.

Para os jovens portugueses, O Clube das Chaves é uma rara combinação equilibrada de diversão, cultura e educação. Para nós, brasileiros, é uma excelente forma de conhecer um pouco mais dos nossos irmãos portugueses. Suas cidades, suas tradições, hábitos, costumes, maneira de falar, o que pensam do Brasil, dos brasileiros, do nosso sotaque (a ortografia que tenta imitar o jeito de falar dos personagens brasileiros é divertidíssima), de nossas telenovelas...

É engraçado nos ver pelos olhos dos outros. Principalmente através dos olhos de quem está ajudando a formar toda uma geração de portugueses, povo que representa a pedra fundamental da formação da nossa sociedade. E isso torna livros como os da série O Clube das Chaves ainda mais interessantes para nós.

Para entrar em contato: http://www.editorialverbo.pt/