segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

A colecionadora de histórias extraordinárias

El coleccionista de relojes extraordinarios
Ediciones SM (2004)
Laura Gallego García
El Barco de Vapor

A coleção Barco a Vapor é considerada a maior do mundo dedicada à literatura infantil e juvenil. Um concurso literário para textos inéditos, com o mesmo nome da coleção, foi lançado na Espanha, há mais de trinta anos, para incentivar a leitura naquele país, tornando-se também, um dos maiores do mundo em sua categoria. Os textos premiados são publicados e passam a fazer parte da coleção Barco a Vapor. Tanto ela quanto o prêmio costumam ser lançados em todos os países nos quais as Edições SM abre uma filial, como Argentina, Chile, Colômbia, México, Peru e República Dominicana. O Brasil é o único país no qual a editora se faz presente cujo idioma oficial não é o espanhol.

Por ter vencido a edição de 2006 do Prêmio Barco a Vapor, no Brasil, com o livro Era mais uma vez outra vez, um dos meus hobbies, ao viajar para um país de língua espanhola é adquirir alguns títulos da coleção. Os premiados em seus países são aqueles que mais em chamam a atenção, e costumo trazer comigo os que não foram publicados em português. Mas há títulos, autores e temáticas que me atraem independente do selo do prêmio na capa. Laura Gallego García é um desses casos.

Laura já venceu duas vezes o Prêmio Barco a Vapor em seu país. Em 1998, com Finis Mundi, traduzido e publicado no Brasil; e, em 2002, com La Leyenda del Rey Errante. Apesar de jovem, escreve teses sobre livros de cavalaria e é fã de novelas do gênero fantástico, com predileção por autores como Michael Ende, autor de A História Sem Fim.

Em uma viagem à Espanha, eu trouxe El coleccionista de relojes extraordinarios, uma história que faz parte do gênero favorito de Laura ao operar com realidades distintas, personagens misteriosos e, sobretudo, com um clima soturno, onde se discutem questões como a morte e o tempo.

Um folheto turístico traz, entre suas dicas de visitação, um pequeno museu de relógios antigos, situado no coração de uma chamada Cidade Antiga. É para lá que se dirigem, ao final de uma tarde escaldante, a família Hadley: Jonathan, um garoto de seus quinze anos, seu pai e sua madrasta.

Ao chegarem ao endereço indicado, os três descobrem que o museu não existe mais, mas que o dono da casa, um misterioso marquês, lhes mostrará sua coleção de relógios extraordinários. O que seria uma cortesia revela-se uma armadilha quando, sucumbindo à curiosidade, como Eva, Pandora ou a mulher de Barba Azul, a madrasta de Jonathan tem sua alma aprisionada por um antigo relógio chinês. Para salvá-la, Jonathan Hadley deverá buscar pelas ruas da cidade, um outro relógio, ainda mais poderoso, até o amanhecer.

O livro trata de uma busca pelo tempo e contra o tempo, na qual Jonathan enfrentará perigos, tal qual um cavaleiro andante, e se deparará com personagens e cenários estranhos pertencentes a uma outra realidade, como a Alice de Carroll ou o principezinho de Exupéry.

Ao final, como era de se esperar, a discussão sobre o preço da imortalidade, ou que seria a imortalidade para os seres humanos, está presente e nem chega a ser original. Mas o estilo da Laura, que poderá lembrar aos leitores brasileiros, em diversos momentos, Carlos Ruiz Zafón, de A Sombra do Vento, é uma delícia. Ele aproxima-se do clima meio Edgar Allan Poe à espanhola que seu conterrâneo desenvolve com destreza, especialmente em seus livros infanto-juvenis, ainda não publicados por aqui.

No entanto, Zafón, e mesmo Poe, não aparecem na sua lista de autores prediletos. Entre eles, estão alguns nomes da literatura fantástica como Tolkien, Terry Pratchett, R. A. Salvatore, Neil Gaiman, George R. R. Martin, J.K. Rowling e Eoin Colfer. E na lista de livros preferidos, além do já citado A História Sem Fim, está O Alquimista, de Paulo Coelho. As fontes de Laura são muitas e variadas, passando por obras-primas da literatura espanhola e universal, como Dom Quixote e muitas referências medievais, sua especialidade: sua tese de doutorado trata de um livro de cavalaria publicado em 1579: Belianís de Grecia, de Jerónimo Fernández.

Eu, particularmente, sou fã da Laura Gallego García três vezes: pelos temas escolhidos, pela maneira fluente como os desenvolve e por ter levado, por duas vezes, o disputado Prêmio Barco a Vapor para casa, feito difícil. E ela nem levou tanto tempo assim para repetir a façanha.

Para saber mais sobre a autora, visite:



Parece ilustração, mas é fan art, arte produzida por fãs, disponível no site da autora.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Perfil Literário - Caio Riter

Em 2006, o escritor gaúcho Caio Riter deu uma entrevista para o site Armazém Literário. Aqui está um trecho dessa entrevista, na qual foi feito um perfil literário do escritor:

Um livro de contos: Contos de Eva Luna, de Isabel Allende

Um romance: Lavoura Arcaica, de Raduan Nassar

Um livro que gostaria de ter escrito: Aura, de Carlos Fuentes

Personagem favorito da literatura universal: Ema Bovary

Um autor: Lygia Fagundes Telles

Um livro que o professor Caio recomenda na universidade: Medeia, de Sêneca.

Um livro que o professor Caio recomenda no colégio: Letras Finais, de Luís Dill

Um livro que o pai Caio mais gostou de ler para as filhas: Maria vai com as outras, de Sylvia Orthoff

Um livro que o amigo Caio mais gosta de dar de presente: Aura, de Carlos Fuentes.

Um livro infanto-juvenil inesquecível: Corda bamba, de Lygia Bojunga

Um autor infanto-juvenil que marcou: Lobato, por seu As caçadas de Pedrinho

Personagem favorito da literatura infanto-juvenil: Alice

Para a garotada ler na escola: Territórios Perdidos, de O. Sória Machado

Para a garotada ler nas férias: Qualquer um do Georges Simenon

Para a garotada ter na estante: Alice no país das maravilhas, de Lewis Carrol

Para qualquer um ter no coração: Ou isto ou aquilo, da Cecília Meireles