quarta-feira, 7 de maio de 2008

Ser ou não ser


Todas as coisas querem ser outras coisas
Editora Record (2006)
Leticia Wierzchowski
Ilustrações de Virgilio Neves


Todos os escritores querem ser Leticia Wierzchowski. Afinal, ter um livro seu transformado em minissérie da Rede Globo, não é para qualquer um. No entanto, no exercício diário de seu ofício, a autora vem se mostrando muito mais versátil do que um grande sucesso permitiria a tantos outros autores. Sem se deixar aprisionar pelo tema histórico desenvolvido no romance A Casa das Sete Mulheres, Leticia avança por outras áreas da literatura, como a infanto-juvenil, com muita delicadeza.

Seu primeiro livro para crianças, O Dragão de Wawel e outras lendas polonesas, tem a ver com suas raízes. A ascendência polonesa foi um caminho já trilhado por ela em romances como Cristal Polonês e Uma ponte para Terebin. Mas em Todas as coisas querem ser outras coisas, a Leticia que aparece não é descendente de poloneses.

É a Leticia mãe do João, uma escritora cheia de imaginação e histórias para inventar para seu filho e muitos outros leitores. São histórias que não nasceram em um país distante, mas em seu lar. Quase é possível vê-la brincando de imaginar que outras coisas as coisas do mundo do João poderiam ser. É nesse mundo que cintos querem ser serpentes, secadores de cabelo querem ser aviões e bonecas querem ser gente.

Todos os escritores querem ser Leticia Wierzchowski. Mas é preciso ter o precioso dom da imaginação para ser como ela e poder inventar, além de romances de fôlego e grande sucesso, pequenas e graciosas histórias, com jeito de faz-de-conta e cheias de poesia.

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